A Paragem
![]() |
© Fernando Coelho |
havia um café chamado
A Paragem
exactamente atrás de
uma paragem de
autocarro O vapor no vidro
marcava o instante um lugar
breve Estórias no ar difíceis
de calar
Através do vidro o mundo
passava Nas mãos
um café arrefecia
lá fora a
espera nunca parava
a pausa era o que ali habitava
O cheiro forte
da rua nunca parava
uma
prisão entre dois cais
uma paragem mais longa que
a vida onde o tempo
não buscava sinais
Havia um café escuro
vazio perdido
atrás da
paragem esquecido
pelos dias
Os homens calados
bebiam rotinas
lá fora o autocarro cuspia
arcaicos destinos A chuva
surrava segredos do além
A Paragem vive dentro de
quem diz nunca esperar
Ninguém entrava ninguém
saía De mortalha às costas
exacta a sina do cadastro
Comentários
Enviar um comentário